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William Michon
QUARESMA E DÍZIMO

 

 

Quaresma é tempo de penitência e conversão. Neste tempo litúrgico a Igreja nos lembra da trilogia: jejum, oração e esmola. Dentro desta perspectiva sacrifical, lembramos que sacrificar é tornar algo sagrado, ou seja, santificar alguma coisa é oferecê-la a Deus. A prática sistemática do dízimo tem uma dimensão sacrifical, na medida que nos educa para a superação do egoísmo e da mesquinhez, levando-nos ao despojamento e à capacidade da partilha generosa de nossos bens.

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É claro que encontramos a dimensão sacrifical em muitas outras realidades desse tempo, especialmente no jejum, na oração e na esmola conforme nos ensina a Igreja, como exercícios espirituais que devemos realizar para viver plenamente a Quaresma. O verdadeiro sentido do dízimo só pode ser alcançado quando se contempla também estas realidades.

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O jejum, neste período, é um convite ao nosso fortalecimento espiritual, consumindo tão somente aquilo que precisamos na dose certa e necessária. Assim, quando entregamos o dízimo em nossa Igreja, temos a certeza que estamos contribuindo com o Reino na dose certa, dentro da medida do nosso coração.

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“O verdadeiro jejum é fazer a vontade do Pai” – disse o Papa Emérito Bento XVI em sua mensagem para a Quaresma de 2009 – e nós refletimos que entregar o dízimo só tem valor autêntico quando o dizimista o entrega procurando corresponder ao chamado a uma generosa solidariedade cristã.

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A oração é a forma excelsa de diálogo com Deus e, se o dízimo não for visto em uma dimensão de relacionamento e gratidão a Deus de quem tudo recebemos, será um ato vazio e sem expressão. Por isso, comuniquemos a Ele a nossa gratidão pela oração silenciosa do dízimo.

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A esmola é o socorro que se presta ao irmão necessitado. Se o dízimo não contemplar a dimensão caritativa, visando a caridade fraterna que atende aos irmãos desprovidos de recursos na comunidade, será um dízimo sem raízes na caridade. Portanto, coloquemos parte de nossos bens ao dispor do irmão sob a forma do dízimo.

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A Quaresma é um período rico de reflexões que devem nos levar a uma consciência de nossos atos para que não sejam meras repetições automáticas sobre as quais, com o passar do tempo, acabamos por esquecer o verdadeiro sentido. Na Quaresma refletimos sobre a nossa vida – quem somos e o que fazemos, como nos relacionamos com Deus, com o irmão, com a natureza e conosco mesmos. Podemos incluir o dízimo em nossa reflexão, para que sejamos dizimistas conscientes sobre a nossa corresponsabilidade fraterna na comunidade, na família e na sociedade.

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Que neste tempo oportuno da Quaresma, possamos refletir reta e piedosamente sobre os mistérios da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e mergulhemos cada vez mais no mistério do Amor mais forte do que a morte, o egoísmo e a ganância, que se doa sem cessar, embora tantas vezes não seja amado. E, que, possamos na Páscoa renascer com o Ressuscitado como seus imitadores, doando-nos uns aos outros num Amor sem medidas.

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(Publicado no Jornal Sintonia - Santuário do Senhor Bom Jesus, Campo Largo, PR - fev/2017)

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