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Pe. Anderson Bonin
O Dízimo e a conversão pessoal

 

    Nestes anos em que estou trabalhando com a Pastoral do Dízimo, já ouvi muitas histórias interessantes e recebi muitos testemunhos emocionantes de pessoas que mudaram sua maneira de ver o mundo e suas formas de relacionamento com Deus e com a Igreja por meio da vivência do dízimo.

    Pode parecer que dinheiro e conversão são assuntos desconexos ou temas de ambientes estranhos à fé católica, porém na prática paroquial são bem coerentes.

    A partir da nova concepção sobre o dízimo que a Igreja nos oferece no Documento 106: O dízimo na comunidade de fé: orientações e propostas (CNBB, 2016), essa dinâmica está bem identificada, pois a primeira e fundamental dimensão do Dízimo é a religiosa:

 

“[...] tem a ver com a relação do cristão com Deus. Contribuindo com parte de seus bens, o fiel cultiva e aprofunda sua relação com aquele de quem provém tudo o que ele é e tudo o que ele tem, e expressa, na gratidão, sua fé e sua conversão. Essa dimensão, tratando da relação com Deus, insere o dízimo no âmbito da espiritualidade cristã. A partir da relação com Deus, a relação como os bens materiais com e com seu correto uso, à luz da fé.” (CNBB, Doc. 106 §29)

 

    A dimensão religiosa deixou de ser “pagar as contas do culto divino”, essa é entendida com a segunda dimensão chamada de eclesial. Ela é mais do que isso, agora a dimensão religiosa está colocada como parte da espiritualidade cristã. De fato, se o dízimo for entendido apenas como meio para se pagar a água e a luz da igreja, comprar hóstias e vinho, fornecer a espórtula dos padres, dar comida aos pobres e financiar as missões, ainda assim será apenas um meio de arrecadação financeira, podendo até ser substituído por outros meios, conforme a melhor eficiência. Porém como entendemos agora, o dízimo é uma resposta diante do encontro com Deus e com a Igreja.

    Muitas dessas pessoas que encontrei na vida aproximaram-se da Igreja pela Pastoral do Dízimo, por uma campanha de inscrição de novos dizimistas, ou por um convite na entrada ou na saída da missa. Antes eram católicos que vinham a missa esporadicamente sem conhecer muitas pessoas e a Pastoral do Dízimo foi o primeiro contato com membros da comunidade paroquial envolvidos na vida da Igreja. Depois foram dispondo do seu tempo para ajudar em alguma atividade ou ação de caridade e, por fim já estavam completamente inseridos na paróquia. Outras nem a missa estavam habituadas a frequentar, mas aceitaram o convite de ajudar a Igreja e depois de algum tempo começaram a receber cartões de aniversário da paróquia, a prestação de contas dos recursos arrecadados, presentes devocionais e, a partir desses meios, foram sentindo-se pertencentes a sua paróquia até retomar a missa dominical e a corresponsabilidade na vida comunitária.

    O que acontece realmente nessas histórias? Eu acredito que Deus foi saindo da periferia da vida dessas pessoas e foi tomando seu lugar de direito no centro de suas vidas. Quando todos os meses, ao se fazer a lista dos compromissos financeiros, a pessoa separa o seu dízimo, ela se pergunta: mas por que eu devo separa essa quantia para a paróquia? E se responde: Porque eu acredito em Deus e na Igreja! É minha forma de fazer parte dela! Esse gesto consciente e constante faz com que a fé vá crescendo e a relação da pessoa com Deus e com a Igreja também.

    À medida que o fiel vai sendo informado sobre a vida financeira da Igreja, ele vai tomando conhecimento de forma indireta de tudo o que a Igreja está fazendo e quais são seus projetos paroquiais e suas necessidades. Com isso, muitas mentiras e calúnias são desmascaradas e ele passa a conhecer verdadeiramente sua comunidade paroquial e a amá-la. Pois como diz o ditado: “Ninguém pode amar o que não conhece!”.

    Com a mudança no relacionamento com Deus e com a Igreja nasce uma nova dinâmica na vida e na espiritualidade do fiel. Ele quer conhecer mais, rezar mais, ajudar mais, fazer parte e pensar junto. Essa escolha abre caminho para uma catequese permanente, para a busca de um retiro, para um curso bíblico, para um encontro de casais, etc.

O dízimo é um caminho de conversão!

     Faça você também a experiência de ser um dizimista fiel!

 

Padre Anderson Mathias Bonin Bueno

Assessor Eclesiástico da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo

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Publicado na Revista Voz da Igreja - Mês de junho de 2019

Arquidiocese de Curitiba

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